Thiago Santos Costa.
(Contramestre Zoreba).
O Legado da Ginga: Um Perfil Aprofundado de Thiago Santos Costa, Contramestre Zoreba, e sua Influência na Capoeira de Itabuna.
Elaborado por: Cristiano Dos Santos Rocha.
Data: Novembro de 2025.
Guarulhos, SP.
Sumário:
Introdução: O Capoeirista como Pilar Comunitário e Nexo Cultural.
Capítulo 1: A Trajetória de um Contramestre – Formação, Graduação e Identidade.
1.1 Os Primeiros Passos na Capoeira (1997-2009)
1.2 A Ascensão na Hierarquia (2019-2023)
1.3 O Educador Nato (Desde 2009)
1.4 Um Artista Plural: Além da Ginga
Capítulo 2: A Casa do Vovô – Honrando um Legado, Construindo o Futuro.
2.1 A Fundação em Memória: O Legado do Mestre Vovô
2.2 Os Fundadores e a Missão
2.3 Estrutura e Atuação
Capítulo 3: A Linhagem Grapiúna – Raízes e Conexões no Universo da Capoeira.
3.1 Mestre Vovô e o Grupo Raça
3.2 Os Patriarcas de Itabuna: Mestre Medicina e Mestre Suassuna
3.3 As Raízes Históricas da Capoeira em Itabuna
Capítulo 4: O Educador Social – Capoeira como Ferramenta de Cidadania e Política Pública.
4.1 O "Provedor da Cultura"
4.2 A Tradição do Trabalho Social no Grupo Raça
4.3 Capoeira nas Escolas e a Lei Moa do Katendê
Conclusão: Contramestre Zoreba – Guardião da Tradição e Agente do Presente.
Menção Especial.
Referências.
O Legado da Ginga: Um Perfil Aprofundado de Thiago Santos Costa, Contramestre Zoreba, e sua Influência na Capoeira de Itabuna.
O Capoeirista como Pilar Comunitário e Nexo Cultural.
No rico panorama cultural de Itabuna, Bahia — cidade historicamente reconhecida como um berço de capoeiristas de renome mundial — emerge a figura de Thiago Santos Costa, conhecido no universo da capoeira como Contramestre Zoreba. Ele representa muito mais do que um instrutor de uma arte marcial afro-brasileira; Zoreba personifica o papel de um agente cultural fundamental, um elo vivo entre o passado ancestral e o futuro de sua comunidade. Sua jornada pessoal e seu trabalho pedagógico se desenvolvem na intersecção de três contextos cruciais: a preservação do legado de um mestre específico, Antônio Neviton dos Santos, o Mestre Vovô; a continuação de uma linhagem de prestígio, o Grupo Raça; e a participação ativa no movimento contemporâneo que busca institucionalizar a capoeira como uma ferramenta de desenvolvimento social e educacional através de políticas públicas.
Este relatório aprofundado busca delinear o perfil de Contramestre Zoreba, analisando sua trajetória, a filosofia de sua escola e sua inserção no tecido cultural de Itabuna. Ao fazer isso, revela-se um arquétipo essencial para a capoeira do século XXI: o líder de base que, com dedicação e visão, constrói pontes entre a tradição ancestral e o engajamento cívico moderno. É através de figuras como ele que a capoeira transcende a roda e se afirma como um poderoso instrumento de formação de cidadãos, garantindo sua vitalidade e relevância para as gerações vindouras.
Capítulo 1: A Trajetória de um Contramestre – Formação, Graduação e Identidade.
A jornada de Thiago Santos Costa no mundo da capoeira é marcada por uma progressão constante, disciplina e um profundo senso de propósito comunitário. Sua biografia revela não apenas a evolução de um praticante, mas a formação de um educador e líder cultural.
1.1 Os Primeiros Passos na Capoeira (1997-2009).
A jornada de Thiago Santos Costa na capoeira começou em 1997, culminando na sua formatura em 2009, após doze anos de aprendizado intenso. Este período foi crucial para a construção de sua base técnica, musical e filosófica, refletindo a importância da longa maturação e experiência vivida na capoeira tradicional antes do reconhecimento formal.
1.2 A Ascensão na Hierarquia (2019-2023).
Após se formar, a trajetória ascendente de Zoreba na Capoeira continuou com graduações subsequentes. Em 2019, ele se tornou Contra Mestre de primeiro grau, demonstrando habilidade avançada, liderança e ensino. Em 2023, alcançou o segundo grau de contramestre, sua graduação atual, consolidando seu status sênior e respeitado, capaz de guiar e formar novos praticantes. Essa progressão contínua reflete seu desenvolvimento constante e compromisso inabalável com o aperfeiçoamento e a hierarquia de sua escola.
1.3 O Educador Nato (Desde 2009).
Um detalhe crucial em sua biografia é que Zoreba começou a ministrar aulas de capoeira em seu próprio bairro no mesmo ano de sua formatura, em 2009. Esta transição imediata de aluno para professor revela uma vocação inata para o ensino e um compromisso visceral com sua comunidade local. Em vez de buscar outros espaços, ele escolheu retribuir ao local onde vive, estabelecendo-se desde o início de sua carreira como educador como uma força positiva em seu entorno imediato. Este ato define o caráter de seu trabalho: enraizado na comunidade e focado na formação de crianças e jovens.
1.4 Um Artista Plural: Além da Ginga.
Contramestre Zoreba é um agente cultural cuja identidade vai além da capoeira como luta. Seu repertório inclui outras manifestações afro-brasileiras, como o Samba de Roda e o Maculelê. Desde 2004, integra o grupo de apresentação da Escola Casa do Vovô, demonstrando uma compreensão cultural holística, alinhada à metodologia de seu mestre, que valorizava a pluralidade cultural (incluindo Dança do Fogo, Dança Afro, Maculelê e Puxada de Rede). Esse foco levou o trabalho a um reconhecimento nacional, com participações em eventos como o "Capoeirando" em 2004 e 2008.
Zoreba tornou-se membro essencial do grupo de apresentações cinco anos antes de sua formatura em 2009. Isso sublinha que seu valor e integração foram reconhecidos pela contribuição prática e comunitária, antes do título formal, indicando um sistema que valoriza a vivência e o envolvimento ativo na forja da identidade do capoeirista.
Capítulo 2: A Casa do Vovô – Honrando um Legado, Construindo o Futuro.
A Escola de Capoeira Casa do Vovô não é apenas um local de ensino; é um monumento vivo à memória, um projeto comunitário é um exemplo de resiliência cultural. A sua fundação e missão estão diretamente ligadas à figura do Mestre Vovô e ao desejo de seus alunos de perpetuar seus ensinamentos.
2.1 A Fundação em Memória: O Legado do Mestre Vovô.
O ethos fundador da escola é uma homenagem direta ao mestre que inspirou sua criação, Antônio Neviton dos Santos, o Contra-Mestre Vovô, que iniciou seus trabalhos na comunidade em 1997 e faleceu em 5 de abril de 2013. A instituição foi "criado e fundado pelos alunos do Mestre Vovô, para dar continuidade nos ensinamentos da nossa arte, legado que nosso Mestre nós deixou". A figura do homenageado é confirmada como o "Contra-Mestre Vovô (in memoriam)" em um evento de 2013, que celebrou sua imensa contribuição para a capoeira em Itabuna, especialmente em bairros como Urbis IV, Centro Cultural, Ferradas e Santo Antônio. A conexão de seu legado é dupla: seus alunos, após seu falecimento, continuaram seus trabalhos dentro do Grupo Raça, ao mesmo tempo em que fundaram a Casa do Vovô para dar uma identidade específica ao seu núcleo de trabalho.
2.2 Os Fundadores e a Missão.
A criação da escola foi um esforço coletivo, e Thiago Santos Costa, Contramestre Zoreba, figura como um dos pilares dessa iniciativa. O registro oficial no Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) lista os fundadores como José Carlos, Carlos, Geovane, Thiago, William, Wilde, Alessandro e Renato, confirmando o papel de Zoreba como cofundador. A escola foi formalmente estabelecida entre 2016 e 2017 , com a missão clara de "desenvolver a capoeira e suas atividades para nossa sociedade e trabalhar na formação dos indivíduos que participam do nosso grupo". Em seu próprio relato, Zoreba personaliza seu papel dentro desta missão, afirmando que iniciou seus trabalhos na escola "no projeto do meu mestre de capoeira, onde permaneço até hoje ministrando aula para crianças e jovens da comunidade".
2.3 Estrutura e Atuação.
A Escola de Capoeira Casa do Vovô, de Itabuna, Bahia, liderada pelo Contramestre Carlos Zoião (Carlos Martins), desenvolve projetos sociais inclusivos (incluindo crianças periféricas e com necessidades especiais, como Síndrome de Down). A escola foi suplente no edital PNAB 2025 da Bahia. Fundada após a morte do mestre original, Zoreba e colegas formalizaram o grupo para garantir a continuidade dos ensinamentos, a busca por sustentabilidade via políticas públicas (como a PNAB) e a preservação cultural do legado.
Tabela 1: Perfil da Escola de Capoeira Casa do Vovô.
Capítulo 3: A Linhagem Grapiúna – Raízes e Conexões no Universo da Capoeira.
O trabalho de Contramestre Zoreba e da Escola Casa do Vovô não existe isoladamente. Ele está profundamente enraizado em uma das mais ricas e prestigiosas linhagens da capoeira baiana, a do Grupo Raça, que por sua vez se conecta aos patriarcas da capoeira de Itabuna.
3.1 Mestre Vovô e o Grupo Raça.
A Escola Casa do Vovô representa um ramo proeminente e direto na rica e complexa árvore genealógica do Grupo Raça em Itabuna, Bahia. As diversas fontes e o histórico da capoeira local consistentemente identificam o "Mestre Vovô", também conhecido como Professor "Vovô", como uma figura central e um dos principais coordenadores e professores desta notável escola, atuando lado a lado com outros nomes importantes, como o Contramestre Arrepiado.
A linhagem de Vovô é de fundamental importância para a capoeira de Itabuna. Ele foi um discípulo direto da estirpe de Mestre Medicina, um mestre lendário que não apenas formou, mas também deixou um legado duradouro de continuadores de seu trabalho na cidade, sendo Vovô um dos mais notáveis. No entanto, o mestre direto de Vovô foi Mestre Magrelo (Valdecir Alcântara), uma figura que transcende o universo da capoeira para a história esportiva de Itabuna. Mestre Magrelo é amplamente reconhecido por ter sido o técnico responsável por conduzir a cidade a quatro vitórias nos desafiadores jogos estaduais.
Esta conexão com Mestre Magrelo é crucial, pois implica que Mestre Vovô absorveu e incorporou um modelo pedagógico e de treinamento altamente disciplinado, que não só prezava pela tradição e cultura da capoeira, mas também valorizava a objetividade, a eficiência e a disciplina tática inerentes ao jogo de Capoeira Regional. A influência de Magrelo, um técnico de sucesso em nível estadual, moldou a abordagem de Vovô, resultando em uma metodologia de ensino rigorosa e focada no desenvolvimento técnico e atlético de seus alunos.
Dada essa rica e profunda herança, estabelece-se que Contramestre Zoreba, como aluno direto e continuador do trabalho de Contramestre Vovô, é o herdeiro legítimo de uma das mais significativas, respeitadas e vitoriosas famílias da capoeira de Itabuna. Sua formação não é apenas cultural, mas também carrega o peso da excelência técnica e da disciplina transmitidas através de gerações de mestres. A Escola Casa do Vovô, portanto, não é apenas um grupo de capoeira, mas um bastião dessa tradição de excelência e continuidade.
3.2 Os Patriarcas de Itabuna: Mestre Medicina e Mestre Suassuna.
Traçando a linhagem ainda mais para trás, chega-se aos fundadores do Grupo Raça, figuras icônicas que projetaram o nome de Itabuna no cenário global da capoeira. O Grupo Capoeira Raça foi fundado em Itabuna por Mestre Medicina (Luís Rocha), dando continuidade ao trabalho iniciado na cidade por Mestre Suassuna na década de 1960. A entidade está formalmente registrada como "Associação Cultural Capoeira Raça", fundada em 1988.
Mestre Suassuna (Reinaldo Ramos Suassuna), nascido em Itabuna, é uma lenda viva da capoeira, fundador do mundialmente famoso Grupo Cordão de Ouro e uma referência global. A relação entre Vovô e Suassuna era de mútua admiração, e foi nos eventos "Capoeirando" de Mestre Suassuna que os alunos de Vovô tiveram a oportunidade de apresentar seu rico repertório cultural a um público mais amplo. Mestre Medicina, também natural de Itabuna, é o fundador do Grupo Raça e o mestre que formou a geração de professores de Vovô. Portanto, a linhagem de Zoreba flui diretamente desses dois pilares da capoeira grapiúna.
3.3 As Raízes Históricas da Capoeira em Itabuna.
A reputação de Itabuna como um celeiro de capoeiristas é construída sobre gerações de prática, em uma jornada que vai da perseguição ao prestígio. A história da capoeira na cidade é antiga, com figuras fundadoras de origem africana como Mestre Neném, que ensinava a arte de forma clandestina, quando ela ainda era marginalizada e proibida.
A aceitação social da capoeira em Itabuna começou a se consolidar nas décadas de 1950 e 1960, com a fundação das primeiras academias formais. A Academia do Major Dória, por exemplo, marcou um ponto de virada, pois passou a atrair filhos da elite cacaueira, como Maneca Brandão, que era aluno direto do lendário Mestre Bimba de Salvador. Essa transição histórica é tão marcante que inspirou o título do livro da historiadora Cláudia Viana: "CAPOEIRA: de luta de negro a exercício de branco no cenário grapiúna". A importância da capoeira para a identidade local foi finalmente coroada em 2022, quando a arte foi oficialmente reconhecida como patrimônio cultural imaterial de Itabuna, uma conquista celebrada por toda a comunidade capoeirista.
O trabalho do Contramestre Zoreba é uma síntese contemporânea da história da capoeira em Itabuna, que evoluiu de prática de resistência ("luta de negro") a exercício da elite ("exercício de branco"). Ao focar no ensino de crianças e jovens de sua comunidade, com apoio de políticas públicas, Zoreba retoma a função social original da capoeira, utilizando a estrutura institucionalizada para fortalecer e transmitir a herança cultural à comunidade de origem.
Tabela 2: Linhagem Genealógica de Contramestre Zoreba.
A linhagem de Contramestre Zoreba pode ser representada de forma hierárquica, demonstrando a profundidade de suas raízes na capoeira de Itabuna:
Nível 1: Mestres Fundamentais de Itabuna.
Mestre Neném (Figura histórica de origem africana, mestre de Mestre Paizinho).
Nível 2: Pioneiros da Institucionalização e Expansão Global.
Mestre Suassuna (Nativo de Itabuna, fundador do Cordão de Ouro, iniciador do trabalho que se tornaria o Grupo Raça).
Mestre Medicina (Nativo de Itabuna, discípulo de Suassuna e fundador oficial do Grupo Raça).
Nível 3: Coordenadores do Grupo Raça em Itabuna.
Mestre Magrelo (Mestre direto de Contra-Mestre Vovô, com foco na excelência técnica e competitiva).
Mestre Vovô (Discípulo da linhagem de Mestre Medicina e aluno direto de Mestre Magrelo, professor e líder comunitário).
Nível 4: Escola de Capoeira Casa do Vovô.
Contramestre Zoreba (Thiago Santos Costa) (Aluno de Mestre Vovô, cofundador da escola que leva o nome de seu mestre).
Capítulo 4: O Educador Social – Capoeira como Ferramenta de Cidadania e Política Pública.
O trabalho de Contramestre Zoreba transcende o ensino técnico da capoeira. Ele se posiciona e atua como um educador social, utilizando a arte como um veículo para a formação cidadã, uma abordagem que se alinha perfeitamente com as políticas culturais contemporâneas na Bahia.
4.1 O "Provedor da Cultura".
Em seu currículo, Zoreba se autodefine como um "provedor da Cultura na minha comunidade e na cidade de Itabuna" . Esta escolha de palavras é significativa. Ela enquadra sua atividade não como um passatempo ou um esporte, mas como uma missão profissional e um compromisso cívico de fornecer acesso à cultura e à educação para sua comunidade. Este papel é validado externamente pelos convites que recebe para participar de eventos em outras cidades e estados, onde ele atua como um embaixador da rica cultura da capoeira de Itabuna.
4.2 A Tradição do Trabalho Social no Grupo Raça.
A dedicação de Zoreba ao trabalho social não é um esforço isolado, mas a continuação de uma longa e estabelecida tradição dentro de sua linhagem, o Grupo Raça. Registros de 2006 já descreviam projetos como o "Projeto Capoeirinha Raça" e a "Associação Arte e Cultura Raça", liderados por Contramestre Arrepiado e Professor Vovô (mestre de Zoreba). Esses projetos, iniciados por Vovô em 1997 no bairro da Urbis IV , eram desenvolvidos em escolas públicas e bairros periféricos de Itabuna e já possuíam uma missão social clara: usar a capoeira para manter os jovens longe de influências negativas, como as drogas, com o objetivo de "tirar os meninos da rua", e incentivar o bom desempenho escolar, exigindo dos alunos a apresentação de boletins e comprovantes de frequência. O sucesso desse trabalho foi reconhecido pelo poder público, resultando em parcerias com entidades como a Bahia Gás. Zoreba, portanto, herdou e deu continuidade a um modelo de atuação social já consolidado por seus mestres.
4.3 Capoeira nas Escolas e a Lei Moa do Katendê.
O trabalho de base de Contramestre Zoreba se conecta diretamente com o cenário mais amplo das políticas públicas estaduais e municipais. Em Itabuna, há uma discussão ativa na Câmara de Vereadores, impulsionada por figuras como a Vereadora Wilma de Oliveira, sobre como aplicar a Lei Moa do Katendê (Lei nº 14.341/2021) para oferecer aulas de capoeira nas escolas da rede municipal.
Em nível estadual, o Governo da Bahia já regulamentou a Lei Moa do Katendê e lançou o programa "Capoeira nas Escolas", com um investimento significativo para integrar a capoeira ao currículo da rede pública de ensino. Para viabilizar isso, programas como o "Qualifica Capoeira" foram implementados em cidades como Itabuna, com o objetivo explícito de preparar capoeiristas para atuarem como educadores qualificados dentro deste novo marco legal. O projeto de Zoreba, focado no ensino para jovens em sua comunidade, é um exemplo prático do resultado pretendido por essa legislação.
Nesse contexto, Contramestre Zoreba e a Escola Casa do Vovô não devem ser vistos apenas como potenciais beneficiários da Lei Moa do Katendê. Eles representam a infraestrutura humana e comunitária essencial que torna a implementação de tal lei possível. A legislação fornece o "o quê" — o financiamento e a estrutura legal. No entanto, são as décadas de trabalho comunitário contínuo, a confiança construída e a presença local de educadores como Zoreba, seu mestre Vovô e seus pares que fornecem o "como" — a pedagogia, a legitimidade e a conexão com os alunos. Sem agentes culturais de base, estabelecidos e respeitados, políticas públicas formuladas de cima para baixo dificilmente alcançariam o sucesso. O trabalho de Zoreba ilustra uma relação simbiótica e virtuosa entre o ativismo cultural de base e as políticas públicas de nível estadual. A lei não o criou; seu trabalho de uma vida inteira é o que dá à lei uma base sólida sobre a qual se construir.
Contramestre Zoreba – Guardião da Tradição e Agente do Presente.
A análise aprofundada da trajetória de Thiago Santos Costa, o Contramestre Zoreba, revela uma figura multifacetada que encarna a resiliência, a profundidade e o dinamismo da capoeira na Bahia. Ele se destaca como um guardião de um legado pessoal e afetivo, o de seu mestre Vovô, garantindo que seus ensinamentos — que fundiam o rigor técnico da Capoeira Regional com um profundo engajamento comunitário e um vasto repertório cultural — continuem a ecoar nas rodas e a formar novas gerações. Ao mesmo tempo, ele é um herdeiro orgulhoso de uma linhagem regional de imenso prestígio, conectada diretamente aos mestres fundadores do Grupo Raça e às raízes históricas da capoeira em Itabuna.
Mais do que um preservador do passado, Zoreba é um agente proativo do presente. Como educador social, ele traduz a rica herança cultural da capoeira em benefícios tangíveis para sua comunidade, oferecendo disciplina, identidade e um caminho de cidadania para crianças e jovens. Sua atuação demonstra uma notável habilidade para navegar entre as demandas da tradição, as necessidades urgentes de sua comunidade e as oportunidades oferecidas pelo cenário político contemporâneo.
O futuro de patrimônios culturais imateriais como a capoeira depende fundamentalmente de indivíduos como Contramestre Zoreba. São eles que, com os pés firmes na tradição e os olhos no horizonte, asseguram que a ginga, o canto e o som do berimbau continuem a ser fontes inesgotáveis de identidade, educação e resistência, fortalecendo o tecido social e cultural do Brasil para as gerações que virão.
Menção Especial:
Este documento foi idealizado e viabilizado graças à iniciativa de Cristiano Dos Santos Rocha, conhecido como(Alemão), aluno do Contramestre Vovô. Seu empenho em catalogar e preservar as informações sobre a trajetória do Contramestre Zoreba foi fundamental para a criação deste relatório, garantindo que a história e o legado de importantes figuras da capoeira de Itabuna sejam devidamente registrados e valorizados.
Referências:
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Jerônimo regulamenta lei de salvaguarda da capoeira e dá início à programação do Novembro Negro na Bahia | CASA CIVIL - BA.Gov, acessado em outubro 21, 2025, https://www.ba.gov.br/casacivil/noticias/2024-11/2425/jeronimo-regulamenta-lei-de-salvaguarda-da-capoeira-e-da-inicio-programacao
ITABUNA E ILHÉUS RECEBEM CERTIFICAÇÃO DO QUALIFICA ..., acessado em outubro 21, 2025, https://bahiaeconomica.com.br/wp/2025/08/27/itabuna-e-ilheus-recebem-certificacao-do-qualifica-capoeira-nesta-quinta-feira-28/
CMB realiza certificação do Qualifica Capoeira em Itabuna e Ilhéus, acessado em outubro 21, 2025, https://capoeiraemmovimento.com.br/site/noticias/cmb-realiza-certificacao-do-qualifica-capoeira-em-itabuna-e-ilheus/
Vovô Itabuna.pdf
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